Esse poema fala muito sobre mim e é meu preferido há muitos, muitos, muitos anos. Nem lembro quando li a primeira vez, mas vem hoje ilustrar a minha parcimônia na lida com o que quer entrar em erupção.
Renúncia
Me mantive branca,
Me mantive estática;
No entanto uma chama
De paixão estranha
Ardeu dentro em mim.
Mas ele não soube,
Nem saberá nunca,
Tudo que senti...
Vi mundos nublados,
Me aromei de nardos,
Me tremia o peito...
E em meu porte erguido,
Me mantive estática,
Minha emoção foi pálida...
Já passou o momento,
Foi-se a tempestade.
Não saberá ele
Que senti seus lábios
Beijar minha carne;
Que ao fitar nos seus
Meus olhos profundos,
Entreguei minh'alma;
Que tremi de anelos,
Juntando nas minhas
As suas mãos cálidas
Mas passou o momento
Como tudo passa,
E entre labaredas
Desse fogo imenso
Me mantive estática,
Me mantive branca.
Tu sábio e grandioso
Senhor do Universo,
Tu, sim, é que o sabes;
Te entrego este grave
Instante que redime
Meus pecados todos;
Guarda o meu segredo,
Que ele nunca saiba
Isto que tu sabes.
(Manuel Bandeira: Poemas traduzidos, in: Estrela da Vida Inteira)
2 comentários:
Minha amiga.... Quando crescer, quero ser como você!!!
(e digo isso longe do Guigo, senão ele vem e fala: "mãe, você esqueceu? Você JÁ cresceu...")
Bjos e bençãos.
Mirys
www.diariodos3mosqueteiros.blogspot.com
Marcele....
Eu tb tenho essa característica...só q no meu caso eu preferia ser diferente...ando tentando aprender a colocar isso, que é mundo dentro de nós, pra fora..
Lindo!
Beijos!!
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