quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O homem sem face

Durante a noite, sorrateiramente, ele invade meu sonho. Parece estranhamente real, estranha premonição, estranho pressentimento. Os sentimentos embaralhados com a presença daquela pessoa sem face, desconhecida, incógnita, mas íntima. Assim mesmo. Ele é parte da minha vida, ele me abraça apertado e beija minha testa. Assistimos juntos a filmes na TV, ambos deitados esparramados na cama, a minha perna sobre a dele. A gente anda de mãos dadas pela rua e brinca com os pequenos num entrosamento familiar que me deixa perplexa. Os pequenos sorriem de volta pra ele e tudo me parece incompreensível porque ele não tem face. Matheus me conta que se lembra do dia em que ele chegou do céu e aterrissou na piscina, conta que ele veio num balão colorido e pousou entre os prédios, diz que assistiu a tudo da varanda e gritou dando tchauzinho, que ele perguntou por mim assim que o viu. E eu fico com cara de boba, sem entender nada. Thomás brinca de leão, de pega-pega, de nham-nham como se ele estivesse com a gente há muito. E eu o vejo circular nos meus ambientes, lidar com a nossas coisas e problemas cotidianos e continuo com o ponto de interrogação piscando na testa. Ele me puxa pela cintura e me beija a boca, sussura coisas impublicáveis no meu ouvido e eu fico vermelha, ele entra e sai da minha casa, estaciona o carro na outra vaga da garagem a que temos direito, ele frenquenta meus (nossos?) restaurantes preferidos. Quando na sua presença, meu coração inexplicavelmente acelera, e a revoada de borboletas fica indômita no meu estômago, mas nem assim eu consigo ver os olhos dele, não consigo definir seu rosto. Ele invade meus sonhos todas as noites e eu nem sei quem ele é. Entretanto, todo dia eu acordo pendindo que ele se apresente para mim na vida real. Por que não hoje?

2 comentários:

Anônimo disse...

Menina que venha logo assim, de surpresa. E que seja do bem e com todo amor.

Vem jajá. Vc vai ver...

Lidiane Dantas

Mirys Segalla disse...

Cele: eu ando na mesma urgência desconhecida... afinal, um ano é muito tempo, não é mesmo?

Sei lá... ele me faz uma falta... e o beijo, o abraço, o carinho, o cuidar dele me fazem tanta falta que eu aceitaria, mesmo que viesse em outro pacote...

Bjos e bençãos.
Mirys
www.diariodos3mosqueteiros.blogspot.com