Nem sempre tudo dá certo. Nem sempre a vida tá nos eixos, nos conformes. Nem sempre a gente vive em plenitude. Quase ninguém é capaz de olhar ao redor e se sentir completo. Quase ninguém consegue reconhecer a perfeição daquilo que dispõe. A gente tem essa tendência esdrúxula de se concentrar no que falta, nos buracos e nas feridas abertos, no que não está.
Recebi por email estes dias um texto de Contardo Calligaris cujo título é "Felicidade e Alegria". Isso muito me interessa, pensei. O texto começa com uma ementa que diz: "Ser alegre (muito melhor do que ser feliz) é gostar de viver mesmo quando a vida nos castiga". E eu concordo. Dá pra se ter alegria no meio do pior momento da vida, eu já contei esses causos lá no outro blog. A gente tá aqui é pra viver mesmo, é pra provar, é pra tirar de cada experiência um pouco mais, uma lição. A gente tá aqui pra crescer. Não, eu não sou espírita e não acho que esse é um mundo de expiações. Muito pelo contrário, acho que estamos aqui para ser feliz e só.
Para mim, ser feliz justifica a nossa existência inteira muito mais que a promessa da vida além da morte. Ser feliz, fazer o bem, distribuir alegria, amar e conviver com as pessoas é o motivo de que precisamos para a vida. É o cerne, é o centro de tudo. Justamente porque acho que ser feliz é o foco, acho também que a gente precisa encarar com alegria tudo o que vier, inclusive o que não for bom. Não intento (nem poderia) diminuir as dores, as correntes, as cruzes e os pesos que arrastamos ao longo da nossa existência. Não é isso.
O que discuto é até que ponto vale a pena a gente se prender nisso - nas dores, nas correntes, nas cruzes e nos pesos; se há um mundo de possibilidades aberto. Eu acredito no poder do ser humano, eu acredito na capacidade de superação, eu acredito na força interior, mas mais que isso tudo, eu acredito que é uma questão de escolha pessoal. É de dentro pra fora que essa alegria para superar tem que acontecer. E, não mais que de repente, a alegria escolhida individualmente contagia as pessoas ao redor e faz o mundo um lugar melhor. Calligariz coaduna desse pensamento: "Ora, nossa alegria encanta o mundo, justamente, porque ela enxerga e nos permite sentir o que há de extraordinário na vida de cada dia, como ela é".
Depois de tudo, eu entendi que não é preciso forças sobrenaturais, nem milhões em contas nominais, nem conglomerados materiais, nem luxo nem conforto demais, nem inúmeros bens materiais. Depois de tudo, eu tive certeza do que antes eu só desconfiava: o que há de mais importante no mundo, de mais valoroso não é emprego, bens, nem suor do nosso rosto. O que faz valer a pena são as pessoas e a maneira como tocamos e somos tocados pelo cruzamento de vidas e isso só é possível quando se tem essa alegria de viver.
Por Calligaris: "Para reencantar o mundo, é suficiente descobrir que o verdadeiro encanto da vida é a vida mesmo".
3 comentários:
Cele: deixei o comentário no "outro", mas vale aqui também!
Como o texto é mais longo do que o permitido nesse formulário, te deixo o link. Acho que você já leu... mas SEMPRE VALE A PENA LER DE NOVO!
http://diariodos3mosqueteiros.blogspot.com/2011/01/aprendi-e-decidi-walt-disney.html
Bjos e bençãos!
Mirys
Adorei! Caligarris e a interpretação.
Lidiane
Oi Marcele, cheguei aqui pelo blog da Suellen e achei seu texto muito lindo. O recado foi muito bem dado, com a simplicidade e clareza que a vida deve ter.
Felicidades a ti!
Márcia
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