domingo, 2 de dezembro de 2012

Metáfora

"Sopra o vento leste e encrespa o mar...
Vem a noite e cai seu manto escuro devagar..."
(Marisa Monte)
 
 
Uma casinha abandonada. Ninguém para habitá-la, limpá-la, mantê-la, conservá-la ou embelezá-la. Uma casinha acumulando a poeira do correr dos dias sem ninguém por perto. Um imóvel docemente construído com todos os sonhos para onde se queria mudar. Um imóvel projetado para ser castelo e que, a bem da verdade, nunca passou de uma casinha simples.
 
Um imóvel que se deteriora a olhos vistos: infiltrações vão apagando cada uma das exclusividades e dos pequenos detalhes que construíram e selaram cada tijolo ali plantado. Infiltrações estas que, simplesmente por serem mais recentes, suplantam o branco puríssimo das paredes e mancham a memória que se queria preservar.
 
Uma casinha abandonada, que perde, a cada tictac do relógio, muito do ar bucólico e lúdico que tinha no começo, perde muito do ideal que moveu seu construtor, perde para sempre a sensação de lugar encantado, destino, ponto de chegada. Uma casinha abandonada perecendo a céu aberto, desmanchando-se na solidão, no silêncio, no vazio, no nada e no nunca mais.
 
Uma casinha abandonada, em ruínas, fazendo força Deus-sabe-lá-porque para ficar em pé,  é tudo o que restou. 

Um comentário:

Idê Maciel disse...

Não entendi a métafora... Esrou mesmo muito lenta para captar as mensagens das entrelinhas rsrs