domingo, 4 de março de 2012

Um amor em outra cidade

Por: Martha Medeiros

Quase ninguém mais se enraíza. Pessoas trabalham em outros países, fazem cursos em outros estados, o que faz com que muita gente se apaixone por “estrangeiros”, aumentando o número de casais que se relacionam a distância. Será que funciona?

Se eu tivesse 20 anos, acharia problemático estar apaixonada por alguém que eu visse pouco. Nos meus 20, não havia Skype nem qualquer outra ferramenta de aproximação imediata: era carta, telefone ou nada. Mesmo hoje, com as facilidades tecnológicas, é complicado não ter a presença física de quem se ama justo na fase em que nosso romantismo ainda não está blindado contra as ilusões. No início da vida, tudo o que se quer é compartilhar as vivências e dar juntos os primeiros passos rumo à formação de uma família. Não que seja impossível concretizar esse sonho se encontrando uma vez a cada três semanas ou a cada dois meses, mas a falta de ensaio pode comprometer o espetáculo.

Já para quem tem milhagem em histórias de amor, quem já viveu ao menos uma relação duradoura, já provou das agruras e dos prazeres de um relacionamento sob o mesmo teto, já teve filhos, os criou e tem novamente em mãos sua liberdade, uma relação a distância – qualquer distância – pode ser uma experiência reveladora.

Toda distância é relativa. Morar em casas separadas já é distância – e das mais saudáveis. Se cada um tem seu próprio apartamento, seu próprio
trabalho, seus próprios filhos, suas próprias manias e ainda a sorte de se sustentar sem precisar somar seu salário com o do parceiro, que bênção. A independência dará um charme extra à relação, a saudade será o melhor afrodisíaco, e quando quiserem dormir juntos e acordar juntos, ninguém impede. Será uma escolha, não uma obrigação.

Distância geográfica é mais radical. Ela é medida pelo tempo com que ficam sem se ver. Um mês? Três meses? Seis meses? Quanto mais longo o afastamento, mais a independência (aquela que parecia charmosa) pode provocar neuras. Há que se firmar um contrato verbal onde as regras estejam bem claras e haja confiança absoluta, pois o ciúme envenena e o antídoto está longe.

Mas se a distância não é tanta e permite que o casal se encontre a cada duas ou três semanas, aí é como se fossem a “casa de praia” um do outro.

O namoro “casa de praia” é para os que não planejam o futuro, não têm necessidade de criar vínculos eternos e não possuem inseguranças crônicas. O namoro “casa de praia” é para os que têm muitos amigos, um trabalho que absorve bastante e não se incomodam de sair desacompanhados. Um amor “casa de praia” pode parecer muito investimento para pouco proveito, mas quando se chega a uma determinada etapa da vida, é um luxo ter um retiro amoroso que nos rapte da rotina por poucos dias, para depois voltarmos a ela, livres e renovados.

Se não é a relação ideal, é quase.

6 comentários:

Anônimo disse...

Se é para morar separado, longe e não conviver no diário, então para isto é que servem os michês ou então as "amizades coloridas".

Mirys Segalla disse...

Ai, ai, ai...

Primeiro texto da Martha Medeiros com o qual eu não concordo em gênero, número e grau. AMEI algumas frases (e vou usar pra vida!), mas... discordo que amor "casa de praia" seja perto do ideal. EU preciso de contato, eu adoro planejar futuro (mesmo que não aconteça), eu quero o pacote completo! Srta. Martha...me desculpe, mas já passei dos 20 e continuo querendo dividir, literalmente, a vida com alguém que mereça partilha-la.

Bjos e bençãos.
Mirys
www.diariodos3mosqueteiros.blogspot.com

Anônimo disse...

Adorei o texto, apesar de não concordar com essa história de amor "casa de praia". Já namorei à distância e não quero repetir a dose. Por outro lado, adoro a ideia de cada um ter o seu lugar. Não quero mais morar em uma cidade diferente da pessoa amada, mas acredito muito em relações em que o casal mora separado, cada um no seu quadrado. Sendo assim, dá para um acompanhar a rotina do outro, dá pra cada um ter a sua privacidade, dá pra manter o banheiro limpo (sim, homens não sabem o quanto isso é importante para nós mulheres) e, de quebra, não precisa dormir junto quando rolar uma discussão. Olha, que maravilha!!..kkkkkkk

Raquel Duarte

Isabel Cristina disse...

Acredito que este seja o formato ideal para pessoas maduras e seguras que tem muitos amigos,filhos para acompanhar e um trabalho realizador e absorvente. Cada encontro é um romance , uma aventura... A rotina é cruel e desgastante. Ponto para a Martha Medeiros. Parabéns pelo blog.

Isabelle Gois disse...

Acredito que é possível amor a distância...Desde que as duas pessoas estejam comprometidas com o sentimento, façam planos juntas, diminuam as distâncias (sim, tanta gente tá às vezes perto geograficamente e ao mesmo tempo tão distante..)...Acho que um fazer parte da vida do outro, dividir e somar, mesmo com a distância e com aquilo de se aproveitar o que se vive até quem sabe, se surgir a vontade e tudo caminhar pra isso, seja sonho e possível viverem na mesma cidade. Tudo depende de querer, sentir e fazer...:) Penso assim, beijos!!

Lílian Holanda disse...

Já namorei à distância e achei um saco!
Eu gosto de ter o calor da pessoa sempre que quiser.
Mas, não concordo com esse primeiro comentário aí, não. Amizade colorida? Michê?
Quem disse que só existe uma forma certa de namorar?
Além do mais, já dizia Richard Bach, "longe é um lugar que não existe", principalmente quando o sentimento é verdadeiro...