terça-feira, 27 de março de 2012

Paciência para ser feliz

E talvez este seja o maior de todos os desafios que eu enfrento na vida. Esse de aprender a ter paciência, a saber conviver com o tempo, a saber lidar com as incoerências e inexatidões e conflitos com compreensão e resiliência. As intempéries porque passei me transformaram numa pessoa que acredita que é preciso estar preparado pra tudo, antever os tornados e minimizar seus efeitos. As rasteiras da vida me tornaram uma pessoa mais prática, mais pra já, mais pronta. Muito embora existam essas feridas aqui dentro; essa carência que, de tão grande, chega a doer; essa vontade de ser menina e ficar no colo e ouvir de alguém enquanto recebe um cafuné que tudo vai ficar bem; muito embora, por dentro, seja de uma fragilidade gritante, a casca é grossa e a mente é célere. Eu preciso estar preparada. E estar preparada, para mim, é não ter nada pendente. Aí, não dá pra esperar ficar pronto, não dá pra deixar pra depois, não dá pra aguardar o fim da conversa, não dá pra atrasar uma conta, não dá pra adiar a ida ao médico, não dá pra não fazer os exames, não dá pra entulhar de papel a mesinha, não dá pra esquecer de comprar... Programa, faz conta, calcula, planeja, antevê e se prepara.

Confesso. Eu me preparo para o pior, para as más notícias, para não dar certo. Confesso. Eu me tornei um pouco (muito?) pessimista depois que tudo deu errado. Pessimista no sentido de que eu efetivamente penso na pior possibilidade (antes, ela não me passava pela cabeça). E, de um jeito meio incoerente e obstinado, eu sigo a tal da felicidade no superlativo máximo possível e escandalosa. Daquelas que a Martha Medeiros diz que não se deve alardear, daquelas que afastam os "amigos". Porque, sim, na hora da dor, o mundo inteiro se compadece e estende a mão. Ver o sofrimento de alguém meio que legitima o próprio e toca profundamente e faz com que se solidarize. Porém, na alegria, só os amigos mais verdadeiros resistem e permanecem. É difícil conviver com os felizes e bem sucedidos quando a nossa própria vida é um desespero e dói. Digo isso porque era exatamente assim que me sentia, vendo famílias completas (pai, mãe e filhos) em reuniões de escola, festas de aniversário e onde quer que eu pousasse os olhos. Era difícil conviver com lares felizes, com os quatro braços para abraçar as crias. Aquela felicidade alheia me doía como um punhal. Ainda bem que passou, isso também passa.

Na vida nova que se abriu depois do acidente de percurso, a paciência é o meu maior desafio. Paciência para tudo. Para lidar com meus rompantes, com aquele que é diferente de mim, com quem ainda está perdido, com quem se desequilibra por muito pouco, com a falta de bom senso, com o pitaco e os conselhos alheios, com minha vontade de controlar tudo - como se ter tudo sob controle fosse garantia de alguma coisa! não é!. Meu maior desafio é ter paciência para ser feliz.

De longe tudo me parece maior, como se o coração se esticasse até o cantinho em que você está e o amor, a paciência, a compreensão esticassem num tamanho ainda maior...
Ah, como você me fez ter paciência. Acredita que há uns tempos eu não ficava nem 1 minuto numa fila sem reclamar? Hoje eu espero quietinha, cheia de saudade.
Eu não sei se é bem isso, mas aprender vivendo é o único jeito. Não sabia como era até viver.

De tudo, além do amor, sobreviverei cheia de vontade de te ver cada vez mais feliz. Talvez mais que qualquer pessoa, talvez mais que... eu.
(From: http://scapebreak.blogspot.com.br/)

6 comentários:

Stranger disse...

gente, que lindo!!

Fatima Vila Nova disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fatima Vila Nova disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mari Vilela disse...

Combina com minha pessoa esse post, adoreiiiiii...

Raquel Duarte disse...

Marcele, no dia em que vc encontrar essa paciência pra ser feliz vc promete que me diz onde ela está??...kkkkk

Me identifiquei demais com esse texto. É engraçado porque houve um período na minha vida em que eu era o otimismo em pessoa. Bastou as coisas começarem a dar errado que eu fiquei diferente. Sempre penso no que pode acontecer de pior, sabe? Daí me vem a pergunta: será que um dia eu realmente fui otimista? Parece que, no meu caso, era apenas alegria de quem nunca tinha recebido um não com veemência.

Bom, de qualquer forma, assim como vc, eu sigo com este desafio de adquirir essa tal paciência e de, quem sabe, resgatar este suposto otimismo que deixei pelo caminho. Sigamos em frente!!!

Mirys Segalla disse...

Cele:

Esse texto é sobre você ou sobre mim? Impressionante...tudo bem que passamos por coisas (ruins) muito parecidas... mas precisava pensar, sentir, querer tão igual????

Bjos e bençãos.
Mirys
www.diariodos3mosqueteiros.blogspot.com