segunda-feira, 11 de abril de 2011

Não se pode ter paz evitando a vida

Às vezes, na estranha tentativa de nos defendermos da suposta visita da dor, soltamos os cães. Apagamos as luzes. Fechamos as cortinas. Trancamos as portas com chaves, cadeados e medos. Ficamos quietinhos, poucos movimentos, nesse lugar escuro e pouco arejado, pra vida não desconfiar que estamos em casa. A encrenca é que, ao nos protegermos tanto da possibilidade da dor, acabamos nos protegendo também da possibilidade de lindas alegrias. Impossível saber o que a vida pode nos trazer a qualquer instante, não há como adivinhar se fugirmos do contato com ela, se não abrirmos a porta. Não há como adivinhar e, se é isso que nos assusta tanto, é isso também que nos dá esperança.

É maravilhoso quando conseguimos soltar um pouco o nosso medo e passamos a desfrutar a preciosa oportunidade de viver com o coração aberto, capaz de sentir a textura de cada experiência, no tempo de cada uma. Sem estarmos enclausurados em nós mesmos, é certo que aumentamos as chances de sentir um monte de coisas, agradáveis ou não, mas o melhor de tudo, é que aumentamos as chances de sentir que estamos vivos. Podemos demorar bastante para perceber o óbvio: coração fechado já é dor, por natureza, e não garante nada, além de aperto e emoções mofadas. Como bem disse Virginia Woolf, "não se pode ter paz evitando a vida."
 
(Ana Jácomo)
 
E eu, impulsiva, urgente, me jogando, como sou, vou ali e escancaro as portas, abro as janelas, quebro os cadeados. Eu perdi o medo da dor e vivo com o coração aberto, tentando sentir intensamente cada experiência. Eu quero mesmo é me sentir viva!
 
Enfim, essa semana chegou.

Um comentário:

Isabelle disse...

O medo não é pra ser companheiro, mas sim vencido, né?
Que os meus, os seus, os nossos sejam vencidos, sempre!
beijo!