quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Medo das máscaras

Eu escrevi sobre os meus medos no post do dia 13/07. Porque eu tenho medo também. É bem claro para mim que existe hoje uma coragem maior, coragem para arriscar, para me jogar naquilo que me faz bem. Coragem que é decorrente da certeza de que eu aguento o sofrimento, certeza de que não tombo fácil. Coragem não é ausência do medo, mas apenas a capacidade de agir a despeito dele.
 
Nesse sentido, eu continuo tendo medo. Muito medo. E descobri recentemente que maior que o medo de não conseguir dar conta de tudo, da solidão, de perder minha saúde e minha sanidade mental, é o medo de que as pessoas ao meu redor usem máscaras. Eu tenho medo de ver as máscaras caírem. Não porque eu não seja capaz de lidar com a decepção, mas porque eu parto do princípio de que as pessoas são sinceras e honestas comigo e com os outros. Inocente? Talvez.
 
É uma coisa que carrego comigo essa necessidade de ser verdadeira. Eu não finjo e/ou forço amizade com ninguém; não tento ser simpática para agradar. Se não gosto de algo, de algum lugar, isso fica muito claro no meu semblante. Por outro lado, aquilo que me encanta salta aos olhos, como quando criança encontra com o papai noel do shopping, surge um brilho no olhar. Normalmente, me mantenho neutra nas primeiras vezes com quem quer que seja e, depois de perceber empatia, é capaz de contar minha vida inteira para o interlocutor e convidar para o aniversário dos pequenos. Quando eu amo, eu digo que amo. Quando não quero bem, eu simplesmente não digo nada. Se sou amiga, eu sou inteira, de verdade. Faço questão de encontrar, de ver, de rever, de abraçar, de ajudar no que eu puder. Se não sou, a pessoa é indiferente, incluindo suas opiniões e achismos a meu respeito. Tenho um pé atrás com alguns conhecidos, mas não fico tramando armadilhas para pegá-los com a boca na butija.
 
Não estou dizendo aqui que eu não minta nunca, que eu nunca faço coisa alguma por obrigação, que eu sou sempre verdadeira e inteira em tudo. Claro que não. O que eu quero dizer é que quando a gente vive sem mascarar os sentimentos e a vida que se leva, a gente acaba por esperar que as pessoas com que convivemos façam o mesmo. Aí é que, vezenquando, eu me pego pensando se as pessoas são mesmos o que parecem ser ou se estão agindo de determinada forma para um determinado fim. Ou pior: eu fico pensando que segredos aquela pessoa esconde do mundo. Eu fico com medo que a pessoa não seja nada daquilo que eu percebi, que meus sentidos estejam confusos ou que ela guarde bem no poço profundo de si uma mesquinhez, uma pequenez, uma sordidez nunca antes exteriorizadas.
 
Eu tenho muito medo que as máscaras caiam porque, na minha opinião, pior que se afastar de um amigo, pior que um relacionamento não dar certo, pior que se desentender com os familiares é descobrir que o outro não é absolutamente nada daquilo que se pensou, que por trás daquele carinho, daquele afeto havia interesses escusos e/ou mentiras deslavadas. É possível retomar a amizade com um amigo distante, é possível se tornar amigo de um ex-amor, é possível conversar e se entender com os parentes; mas quando a gente se engana sobre a essência de alguém não resta mais nada.

5 comentários:

Anônimo disse...

Estamos todos em uma grande peça teatral...vc desempenha seu papel...eu o meu...o outro o dele, nem 10% do que as pessoas escrevem sobre si condizem com a verdadeira realidade.

Camila Alves

Anônimo disse...

Simplesmente perfeito!!! Concordo em gênero, número e grau!!!
E o pior disso tudo é perder a admiração por determinada pessoa, não restando nada, ainda se cava o buraco da pena...
Beijos, Glória.

Violeta disse...

COncordo. Mas eu ainda prefiro acreditar nas pessoas e esperar que elas me provem o contrário do que seguir com o pé atrás para cada um novo que me cerque.

Beijo.

Isabelle disse...

Tb acho, tb me sinto assim:
"eu parto do princípio de que as pessoas são sinceras e honestas comigo e com os outros. Inocente? Talvez."
Só fico triste às vezes porque parece que cada vez mais as pessoas usam máscaras e subterfúgios para viver...mas ainda acredito e vivo a sinceridade.
Beijos!!1

Izabel Bezerra disse...

Minha querida você é geminiana...verdadeira e transparente!
Fingir não é,e nem nunca será o seu forte.Muito menos fazer de conta...nem nos tempos de infância,de faz de conta mesmo,você deve ter sido tão eficiente...kkkk
O medo faz parte da vida,do crescer,do acreditar...e a inocência não é cega,é simplesmente inocente,porém verdadeira.Que você traga SEMPRE dentro de si,a pureza da infância,acreditando no melhor das pessoas,tendo vontade de construir,pois com certeza seus filhos terão muito do que se orgulhar!Grande beijoka procês!