É que tem dias que a gente se cansa da luta, do combate, de correr tanto, de dar ao máximo e ter a sensação concreta de que não saiu do lugar. Tem dia que mais parece que toda dor, todo esforço foi em vão e que de nada vale insistir, melhor mesmo é sentar com a cabeça entre os joelhos, deixar as lágrimas descerem e o ar voltar a encher os pulmões para só então continuar no percurso. Tem dias que a coragem simplesmente desaparece e não se quer mais enfrentar os leões todos que surgem e aumentam de número como gremlins, bastando a água tocar neles. Tem dias que a gente perde o fôlego e quer desistir, quer deixar pra lá, pensa que nem vale tanto a pena assim. O coração tá cansado de bater acelerado em descompasso e esperar o melhor que está por vir e não chega nunca. As pernas estão cambaleando de tanto correr a maratona até algum lugar para chamar de seu. A vista já embotada de tanto olhar o horizonte sob o sol escaldante dos trópicos e desejar o que está lá. Tem dias que a vontade é de entregar os pontos, jogar a toalha, deixar a correnteza levar o corpo exaurido. Tem dias que simplesmente não se quer mais traçar rotas, bolar planos, descobrir atalhos. Tem dias que não há força nem física nem mental para o embate. Falta ar, falta gás, falta energia, falta ânimo, falta motivação. O que é preciso se ter em mente é que a vitória quase nunca é certa e, muitas vezes, não é consequencia direta do esforço pessoal do combatente. É muito difícil vencer. A vitória pode ser decorrência de um golpe de sorte, de uma força do destino, da vontade soberana de Deus - que nem sempre está em conformidade com a nossa. Mas sem vontade e sem luta, é impossível ganhar a batalha. A derrota, por sua vez, só será honrosa se tiver havido a luta com toda a força que se tem, se houver sangue nos olhos, como diria um professor bem antigo. A gente só tem mesmo a opção da tentativa, do esforço, do pagar para ver e, depois de tudo, é preciso saber a hora certa de parar, de desistir, antes que as vísceras estejam expostas, antes que a dor iminente seja quase a morte em si, parar quando ainda se pode voltar para o começo de pé e a pé.
3 comentários:
A vida infelizmente é assim, Marcele... Num dado momento bate mesmo esse cansaço, esse desânimo que tão bem vc dissertou. Força, criança! Dias mais felizes com certeza virão. Depois que a gente vive muito, entre muitas outras coisas a gente aprende duas lições básicas: (1)toda dor passa e (2) que às vezes não dá prá "chutar o pau da barraca" porque o pau da barraca muitas vezes somos nós mesmos.
Bjs e fique com o meu carinho.
Ânimo! Força! Fé!!! Lembre-se: querendo ou não, Deus está no comando, sempre! Amo vc incondicionalmente. Mamae
Eita que maravilha de texto! Li ao som de "Lágrimas e Chuva" do Kid Abelha...foi forte!
Beijos Marcele!
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