segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Para alguém que vai

Ela vive uma vida de despedidas e recomeços há anos. Não que ela apague da existência o que deixa para trás. Não que arranque da parede da memória as fotografias penduradas ao longo dos anos. Não que rompa todos os laços a cada despedida, muito pelo contrário. Até porque se fosse assim, eu nem estaria na vida dela até hoje. Ela simplesmente, vezenquando, decide ir para um novo lugar, para uma outra cidade. Quem sabe a infância passada longe da terrinha, contando só com o núcleo familiar, tenha possibilitado essa sensação de desgarramento. Ela desbrava, ela é corajosa e ela sempre vai. Ela termina um ciclo em algum canto e deseja ir para outro lugar. E vai!

A cada novo destino leva consigo uma bagagem de sonhos e de expectativas, de esperança no novo e de ansiedade pelo que há de vir. A cada nova morada, um infinito de planos para que tudo tudo tudo dê pé.  Ela aposta, corre riscos, vai muito além do que eu jamais seria capaz nessa minha vidinha modorrenta e classe média com filhos pequenos que levo. Ela se desfaz de objetos, desmonta a casa, empacota tudo, pede livros dos melhores amigos, encaixota os anos e vai para outro lugar. Vai apostando alto, driblando os medos, acreditando que o melhor há de vir, sorrindo com a esperança e chorando já de saudade.

Essa vontade de conhecer o mundo já estava bem presente há alguns anos, quando nos conhecemos em meio as cadeiras da faculdade. Essa vontade de conhecer o mundo ficou evidente na escolha profissional, que propicia tranquilamente os destinos mais malucos. Eu não sabia, naquela época, que ela seria uma das pessoas da minha vida e que teria que passar por este aperto no peito provocado pela despedida. Eu não sabia que me sentiria meio orfã com ela tão longe de mim (até porque ela já estava longe). Mas uma coisa é a gente estar no território do mesmo país, contando com os avanços nas telecomunicações e as promoções das operadoras de celular  e das companhias aereas para manter contato; outra coisa beeeem diferente é ter um oceano, alguns fusos horários, meio mundo entre nós.

Ela vai mais uma vez e, dessa vez, para muito, muito, muito longe da gente. Ela vai e o coração tá pequeninho e os olhos lacrimejando já de saudade e de desejos de que o melhor da vida aconteça para ela onde quer que ela esteja. Ela vai e eu sinto um frio na barriga, um medo de quem não seria jamais capaz de fazer coisa semelhante. Ela vai e ficamos aqui torcendo para que a felicidade seja constante e habite cada um dos seus dias lá longe e que, quando a saudade traiçoeira e o sentimento de solidão apertar, ela saiba que por aqui tem gente que é dela e que estará com ela sempre, para o que for preciso.

Jururu, jururu, vou morrer de saudade de tu!

5 comentários:

Anônimo disse...

Lindo, Cele! Esclarece pra gente quem é Jururu...
Bjo.
Ju.

Anônimo disse...

Que lindo, Marcele! Lançar-se, assim, ao novo e desconhecido como a Ju está prestes a fazer pode ser assustador mesmo, mas possibilitará inúmeras vivências e descobertas! Empacotar a vida e mudar os lugares, as pessoas, os dias não é fácil, mas é incrível o tanto de vida que cabe numa experiência dessas! Compartilho o frio na barriga e torço para que esse tempo em terras estrangeiras seja de muitas alegrias pra Ju, uma das pessoas mais meigas e prestativas que já conheci. O caminho dela será lindo.

beijos para as duas!

Juliana Holanda

Anônimo disse...

Eita! Agora você me confundiu... Quantas Jus tem nesse blog? kkk
Ju.

Cele disse...

Conheço muitas Julianas.

Anônimo disse...

... chorei!

brigada, querida, de verdade. tou carregando você e os seus na bagagem, no lugar mais especial de todos.

ah, e lembre-se: esse alguém que vai também volta. sempre volta.

tou aguardando sua visita.

beijocas, curu!

da ju jururu =)