segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Fato

A paz de que eu preciso só encontro quando saio de dentro de mim e me enxergo pelo olhar do outro. A calmaria que abre sorrisos só me acha quando me permito querer menos e me doar mais. A felicidade só me alcança quando deixo de pensar em mim para simplesmente viver cada coisa a seu tempo. Não é preciso confabulações e discursos, nem compromissos e agendas, muito menos contratos, cauções, avais. Tudo isso não passa de idiossincrasias oriundas da criativa mente humana para fazer caber num conceito aquilo que só se sabe sentir.
 
Quando se permite deixar de querer tanto é que se compreende a infinitude. Quando se permite parar de cobrar tanto um lugar é que se percebe que as coisas naturalmente ocupam seus devidos lugares. Quando se baixa a guarda, se derruba os muros protetores e se guarda as armas é que se consegue então olhar nos olhos e ver aquilo que salta, que é óbvio. Não importa quantas vezes se ouviu, é importante perceber e sentir. E só se consegue perceber e sentir assim.
 
Não aparece extravagante, extraordinário, não são fogos de artifício pintando de fogo o negrume do céu, não são letreiros luminosos em luz neon, não é esquadrilha da fumaça. Pelo contrário. É calmo, sereno, tranquilo, corriqueiro, cotidiano; mas mais importante: é recíproco. O que mora no peito é inconfundível e, por mais que se lute em busca de contenção, escorre pelas frestas dos olhares que se encontram num espaço-tempo de perfeição. Escapole nos pêlos eriçados após o toque; na ausência de fôlego a cada beijo. Não há obstáculo capaz de ocultar a vontade que o coração escolheu.
 
É preciso então esquecer o próprio umbigo, as cobranças, as discussões inúteis, guardar as armas, recuperar o fôlego, se encher de coragem, para entender que a entrega é muito mais importante que o retorno e que, de todas as escolhas feitas pelo coração, a que é mais difícil é o estorno. Não se tem como reaver o amor que se dedicou, não é possível evencer aquilo que se deu por amor, não há garantia alguma de reciprocidade, nem de compromisso, nem de vantagem em troca. E ainda assim é quando mais se dá que mais se recebe. Fato.

2 comentários:

Felisberto T. Nagata disse...

Olá! Visitando outros blogs, para conhecer. Afinal, não existe outro modo para iniciantes, como eu, aprender o q é blogosfera. E ver postagens bem bonita, como esta. Parabéns!

Abraços! Boa semana!

quando der felisjunior.blogspot.com/

Mirys Segalla disse...

Cele:

Onde você encontra tanta inspiração para escrever desse jeito??? Afê... é "escritora" demais para uma mulher só!!! Alguém aí conhece uma editora?

Bjos e bençãos.
Mirys
www.diariodos3mosqueteiros.blogspot.com