sexta-feira, 8 de julho de 2011

Tudo isso e muito mais

Seria tão bom se a gente soubesse de antemão quem é chuva passageira e quem veio pra ficar. Seria tão bom se a gente conseguisse enxergar e compreender fácil e cristalino aquilo que o outro quer mostrar e dizer. Seria tão bom se as coisas fossem fáceis e leves sempre. Seria tão bom se não houvesse tantas variáveis, tantos poréns, tanto meio de campo entre a bola e o gol.

A gente se confunde. Acha que é terra firme aquilo que é apenas e tão somente tempestade de areia. Acha que é certeza o que é só alucinação. Acha que é pra sempre o que é efêmero. A gente se perde e não entende e nem enxerga o que está de verdade ao redor. O que é claro e cristalino se torna transparente, invisível e a gente perde de vista, deixa ir. Não, as coisas quase nunca são fáceis e leves, mas é incrível como a gente sente, de alguma forma o coração sabe, o que é sentimento e o que é ilusão.

A gente se engana, a gente racionaliza, a gente fica pensando em prós e contras, em sinais subliminares, em joguinhos e fingimentos, estratégias para a conquista, em magia negra, vudus, feitiço e quiromancia... A gente tenta se preservar, não demonstrar, não se doar, não deixar óbvio o que sente... A gente escuta desde sempre que não se deve expor, não deve deixar o outro seguro demais, não deve dizer que ama levianamente. A verdade é que nada disso tem importância alguma. Saber de antemão, se vai ficar ou se é passageiro, entender os sinais do outro ou não. Nada disso importa.

Amor é bicho traiçoeiro e a lógica nunca passou nem de raspão por ele. Não tem sentido, não tem razão, não tem um motivo e tem todos os motivos do mundo. Não é porque é lindo, não é o corpinho escutural, não é a conversa que flui, não é o sorriso... Aliás, não é só isso. É cada coisa que faz quem a gente ama ser tão único e tão especial. É cada detalhe que é dele de um jeito todo especial. É a voz de sono, é o cheirinho na base do pescoço, é o jeito que aperta a sua cintura, é a forma escandalosamente feliz como atende o telefone, é o olhar que brilha... Não é nada disso e é tudo isso.

Seria bom se as coisas fossem lógicas e fizessem sentido, mas é maravilhoso que as coisas sejam como são: instintivas e surpreendentes. A gente não tem controle algum, poder algum, mas a gente sai um pouquinho do chão e se sente tão feliz quando é surpreendido assim.

2 comentários:

Selma Helena Lessa disse...

Oi Marcele!
Que texto lindo, delicado, sensível. Amei !
Beijos,
Selma.

Isabelle disse...

O amor é mesmo desprovido da lógica racional tanto pra nascer como pra viver...Pena que poucas pessoas se permitam...
Mas o texto consegue definir o que é indefinível, rs.
Beijos!!