domingo, 24 de julho de 2011

And now the final frame: drug is a losing game

Recebi com certo pesar a notícia da morte da Amy Winehouse. Como a todo mundo, não me surpreendeu. Ainda assim, não deixa de ser uma lástima, uma perda importante para o mundo da música e para mim, porque sou fã assumida. As músicas confessionais e profundas dela verdadeiramente me encantaram e eu as ouço quase que diariamente porque tenho os dois discos lançados salvos no pen drive que toca no meu carro.

O que descobri agora foi que, por trás do vozeirão que repetia não querer ir para o "rehab" de jeito nenhum, se escondia uma pessoa emocionalmente frágil, tímida e muito suscetível aos meandros passionais. Para muitos, os sofrimentos da vida são difíceis, são cargas pesadas demais - eu que o diga. Mas para alguns, eles se tornam questões de vida ou morte, capazes de jogar a pessoa no enleio destrutivo e anestésico das drogas. Sair um pouquinho do ar, fugir da realidade quando passamos pelas dores dessa vida parece uma oferta extremamente atraente e as drogas proporcionam isso.

Acredito que a fragilidade emocional tornou Amy Winehouse refém do vício. Em muitos momentos de shows que assisti nas últimas 24 horas, ela diz que escrevera suas músicas em momentos muito tristes e que cantá-las em sequência era muito deprimente. Ela revivia todas suas dores em cada show, ela sofria de novo e de novo e sua vida era basicamente cultuar aquele sofrimento que gerou tão belas canções.

Eu sei o quanto de distanciamento e de esforço físico e mental é necessário para superar um momento de perda e de dor. Eu faço isso diariamente para não viver minha vida repetindo como seria se e evito lembrar do melhor e do pior de tudo. Imagino o quão sofrido tenha sido para ela pautar sua carreira justamente na repetição poética de seus momentos mais tristes. Era comum vê-la chorando no meio das apresentações e, para anestesiar essas dores, ela bebia e se drogava, no palco inclusive.

Não estou aqui querendo defender o vício e a doença da Amy, nem quero justificar suas atitudes suicidas. O que pretendo é apenas dizer que eu sei o que é carregar dentro de si uma dor que não assenta, eu sei (justamente porque eu fiz) o quanto é atraente consumir bebidas alcóolicas e dormir bêbada para não pensar, não chorar, não sentir. Eu não usei drogas, mas posso imaginar o efeito semelhante. A minha dor foi arrefecendo, assentando, cabendo dentro de mim e eu me afastei dela com o passar do tempo. A dela era repetida em canções e o distanciamento nunca foi possível, assim como sua recuperação.

Rest in peace, Amy. Onde quer que esteja agora, que não doa mais!

"For you I was a flame
Love is a losing game
Five store fire as you came
Love is a losing game


Why do I wish I never played
Oh, what a mess we made
And now the final frame
Love is a losing game


Played out by the band
Love is a losing hand
More than I could stand
Love is a losing hand


Self professed profound
Till the chips were down
Know you're a gambling man
Love is a losing hand


Though I'm rather blind
Love is a fate resigned
Memories mar my mind
Love is a fate resigned


Over futile odds
And laughed at by the gods
And now the final frame
Love is a losing game"

3 comentários:

Suelen Rauber disse...

So sad.

Isabelle disse...

Ow Marcele, concordo com tudo que disse e também senti com muito pesar o acontecimento, embora previsível..Porque também sou muito fã dela...
Mas não a vejo como uma "drogada" no sentido perjorativo, mas sim no sentido frágil e emocional que ela vivia...enfim.
Que ela agora vá em paz, e tenha como vi no twitter: "Rehab in the Sky."

Mirys Segalla disse...

Eu nem conheço as canções dela muito bem (eram a nova paixão do Fer e não deu tempo dele me mostrar... e eu não quis ver sozinha!), mas também entendo bem dessa dor.

Às vezes, penso se escrever o blog não é, também, reviver o triste (que é poético), a dor (que é bela), a saudade...

Bjos e bençãos.
Mirys
www.diariodos3mosqueteiros.blogspot.com