quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O que fazemos da vida?

Quando lidamos com a inevitabilidade e com a força da morte é que entendemos quão efêmera é a vida. Quando a morte bate à nossa porta, mostrando seu poder, é que percebemos que não somos senhores de nada, não cabe a nós decidir quanto tempo temos, não nos é dado de antemão conhecer o que nos espera, o que seremos e por quanto tempo. Muitas vezes, embasbacados pela soberba de simplesmente estar saudável e vivo, acabamos por esquecer daquilo que efetivamente importa, do que deveria ser exaltado, compartilhado, vivenciado. Somos/ficamos embriagados em rotinas maçantes, em correrias impostas, em obrigações pesarosas e infelizes; somos tragados por um dia-a-dia extremamente veloz, em que tudo é urgente, tudo é pra já.
 
Ontem foi a missa de sétimo dia da avó do Thi, Dona Hilda Crisóstomo de Morais. Uma vida que já vinha há muito se apagando pela debilidade natural da avançada idade. Coincidentemente, ouvi num programa de TV alguém dizer que cada um de nós só tem essa vida e que é preciso fazer coisas boas com o tempo que nos é ofertado. Diante desses dois acontecimentos, eu refleti. Não seremos jamais todos grande benfeitores, lembrados por nossos gestos de boa vontade, nosso voluntariado e desprendimento. Não seremos jamais todos reverenciados por nossa contribuição para a diminuição da pobreza ou pela cura de alguma doença grave. Excepcionalmente, alguém alcançará um grande feito.
 
Por isso mesmo, eu falo de pequenas coisas, pequenos gestos que podem tornar melhor a vida, a convivência com as pessoas, principalmente aquelas que nos cercam na correria cotidiana, e podem também servir de exemplo para aqueles que olham para nós, absorvem o que fazemos e se espelham naquilo que veem. Eu falo de dedicação para com os amigos, de proximidade, de solidariedade, de estender a mão, de demonstrar o afeto, de estar presente na vida das pessoas; porque este, sim, é o maior presente de todos: a presença na vida. Eu falo de ser ouvido, ombro, companhia, pau para toda obra, conselheiro; porque isso, sim, é que faz com que contem conosco. Eu falo de educação, bons modos, gentileza, sorriso; porque isto, sim, torna a vida em comunidade mais fácil. Eu falo de previdência, precaução, calma e tranquilidade nos momentos de tensão (que são muitos e pelos mais variados motivos). Eu falo de amor, de falar de amor, de demonstrar o amor, de respeitar o outro na sua individualidade e completude e amá-lo ainda que se divirja em muitos pontos. Eu falo de respeito para com o próximo, respeito por suas escolhas, respeito por suas opções, respeito por seu jeito de ser e existir. Eu falo daquilo que qualquer um pode fazer, daquilo que é para todos, daquilo que está aí, e que, muitas vezes, nem nos obriga a agir, bastando apenas deixar acontecer.
 
Então, a vida é limitada e efêmera e frágil. Estamos todos por um fio e nem nos damos conta disso. O que é feito do nosso tempo? Quanto mais tempo teremos para viver?

2 comentários:

Anônimo disse...

POR ISSO VIVO INTENSAMENTE...
A HORA DE SER FELIZ É AGORA!!!!!

Isabelle Gois disse...

Demais, verdade!! O dia é hoje...:)