quinta-feira, 14 de março de 2013

Nessa bola redonda e azul onde entram em conflito diuturnamente vaidades e expectativas, sonhos e decepções, projetos e caos; o que se quer efetivamente é um canto quente e silencioso e amoroso para se esconder do barulho e para tentar (em vão?) controlar o medo e afogar as lágrimas e deixar saírem os soluços e descansar do peso dos dias. A rotina delirante na qual somos inseridos torna o ar pesado e em vez de perdermos o folêgo, perdemos a saúde, o sol, a vida enclausurados em escritórios que nos prometem boas recompensas pelo nosso tempo ao final do mês. Acho conversa para boi dormir a história inventada de amar o trabalho de maneira que ele seja lazer. Não dá. Acredito que aconteça para alguns poucos sortudos, assim como amor à primeira vista, príncipe encantado, ganhar na mega sena... Tudo sonho e tudo ilusão. A maior parte de nós vai trabalhar arrastando os pés, cambaleando de sono, doido para estar em outro lugar, fazendo outra coisa com esse tempo que somos obrigado a dar para alguém ou para uma instituição. Para as mães, pior ainda: há a culpa de não estar acompanhando o desenvolvimentos dos pequenos, de não dar tempo de levá-los pesoalmente à natação, de resolver junto com eles as tarefas de casa e etc. Não bastasse isso, a tal da culpa aumenta ainda mais quando percebemos que, ao chegarmos em casa exaustas, depois do dia inteiro fora, não temos paciência para as brincadeiras voadoras e superheróicas propostas por eles. A paciência é mínima (microscópica) para lidar com as birras e brigas e despropósitos dos que estão na mais tenra idade. O ócio total não é o ideal. Não ter nenhum trabalho produtivo seria dolorido e, de certo modo, colocaria em cheque a capacidade intelectual e criativa que atribuímos a nós mesmos. A grande questão é a imposição, a obrigatoriedade e a grande quantidade de horas dispensadas. Repito: ao final do dia, depois de tirar a armadura de mulher inteligente-independente-autônoma, o que se quer é um colo, um abraço, um afago para aliviar a dor e o peso. Quem sabe chorar um pouco, porque a gente também tem medo, também sofre, também se sente pequena e desprotegida. Quem sabe um carinho para colorir um pouco a crueza e o preto e branco dos dias modorrentos de uma semana cheia. É só o amor que justifica a nossa existência e torna a felicidade palpável. Só o amor.

4 comentários:

Unknown disse...

Oi Marcelle,
Concordo com vc. O trabalho nos consome tanto do nosso tempo, quantas e quantas vezes esquecemos horário de almoço, chegamos mais cedo para dar conta de tudo...a cada dia exige mais e mais de nós, além do transito exaustivo para chegarmos aos nossos destinos nos tira de nós mesmos e de quem amamos. Chegar em casa é tertar nos desdobrar para sermos presentes aqueles que precisam de nós, sejam filhos, pais, companheiros...Mas que é maravilhoso encontrar um obro para dividir o dia, para ter colo ( afinal precisamos muito de colo)e sentir amor e sentir amada é bom demais, quem não quer? Concordo com vc de que só amor justifica a nossa existência e torna a felicidade palpável. Bjs.

Unknown disse...

Cele, bom dia querida! Tudo bem? Estou passando para lhe desejar um FELIZ DIA DO BLOGUEIRO! Abraço Karina - http://melhor-davida.blogspot.com.br/2013/03/dia-do-blogueiro.html

Raquel Duarte disse...

Falou tudo que estou sentindo hoje, Marcele! Estou aqui tão atolada no trabalho e me deparo com um texto desse... Eu sempre achei que trabalho está diretamente ligado à obrigação e que por isso não há como sentir prazer. Eu pelo menos nunca senti prazer no trabalho e me pergunto até hoje se é possível.
Beijos!

Raquel Duarte

Raquel Duarte disse...

Marcele! Estou aqui tão atolada no trabalho e me deparo com um texto desse... Eu sempre achei que trabalho está diretamente ligado à obrigação e que por isso não há como sentir prazer. Eu pelo menos nunca senti prazer no trabalho e me pergunto até hoje se é possível.
Beijos!

Raquel Duarte