quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Três anos

"Cada vez que um ser humano morre, um mundo humano desaparece."

(Humberto Maturana)

 
E os laços são rompidos e buracos se abrem na vida das pessoas que conviveram e a vida segue meio que a contragosto, aos trancos e barrancos... Cada vez que um ser humano morre alguém perde o chão, o rumo, o norte; alguém se torna viúvo(a), órfão, metade. A vida não é mais a mesma depois de ter de lidar com a irreversibilidade da morte, acordar e dormir com o peso da ausência e a extravagância da dor da saudade. Os anos passam, já foram três. Os buracos são parcialmente preenchidos. A dor da saudade não é mais avassaladora e incapacitante. As lágrimas não caem mais quentes e grossas como antes. O mundo gira ininterruptamente e as coisas vão se encaixando em seus lugares. As pessoas descobrem formas de se acostumar com aquilo que não tem solução. Olhar para trás e sentir uma dorzinha, uma lágrima descer, um gosto doce e bom pelo que foi torna a adoçicar a vida e isso tudo é natural. Mas não há mais lugar, nem tempo, nem modo de voltar lá ou de trazer pra cá. Surge então a compreensão de que as coisas são como devem ser. E já disseram por aí que o que tem que ser tem muita força. Dá saudade sim nessas datas redondinhas, dá uma nostalgia absurda, dá até vontade de voltar lá no fantástico mundo do futuro do pretérito e se, se, se... Porém, o presente se tornou tão pleno e bonito, tão real e humano, tão forte e pulsante que não. São três anos já e a vida mudou. O coração arde e deseja que, onde quer que esteja, haja paz e a compreensão da incoerência do mundo. Nem esse adeus que aparta em dois lados o tempo e o espaço de duas pessoas tem o poder de apagar da memória a lembrança da felicidade que existiu. Então, que seja doce, que haja paz, que receba todo o amor que lhe foi e é devotado e esteja em Deus. Um dia, por certo, será possível reunirmo-nos num outro nível de vínculo. É essa a minha fé e a minha esperança.

3 comentários:

Mirys Segalla disse...

3 anos e 3 dias depois, a minha "data redondinha"...

E não dá pra pedir compreensão pros outros daquilo que nem a gente sabe muito bem como explicar. Sente-se e só. Melhor do que o "sente-se só", de 3 anos atrás...

TJ, amiga!
Always!
Até nisso!

Bjos e bençãos.
Mirys
www.diariodos3mosqueteiros.blogspot.com

Unknown disse...

Marcele,
A saudade será o " Sempre", o tempo só nos faz saber conviver com ela, mas a pessoa sempre se mantém ali presnete nos momentos, nas lembranças passadas, na nossa história. Mas a vida continua e temos que manter a certeza de que um dia será possível o encontro.
Força sempre, cada dia mais e que a vida lhe traga boas surpresas.

Raquel Duarte disse...

Quanta força, Marcele! Que Deus te conserve assim.