Eu quis sonhar com um amor perfeito. Como aqueles que brilham nos filmes, que nos fazem suspirar com os livros, que nos encantam nas canções.
Aqueles que cintilam azul e tem cheiro de jasmim, brisa de pétalas e reflexo de sol. Nos quais todo dia é sábado e todo sábado é verão.
Quis traçar destinos sonhados, roteiros amarradinhos, cenas sem correções. Dessas nas quais destilar palavras ao pé do ouvido e poses à meia luz proporcionariam a permanência de sorrisos frouxos e prazeres particulares.
Pensava esse tal amor como as fotografias bonitas. Nas quais não há espaço para cenários ruins, sombras ou a necessidade de efeitos especiais. Só o amor naturalmente brilhando calmaria e destilando felicidade. Amor de permanentes mãos dadas e corações grudados, de voz suave e confissões.
Um amor forte e perecível a falas tortas, cortes e curativos. Resistente a tudo, imune a todos e às nossas próprias confusões.
Eu quis. Eu quis um amor assim. Quis acreditar que amor perfeito, amor certinho, amor arrumadinho é aquele que só diz sim.
Mas não. Amor de verdade não é assim. Eu estava errada e talvez você também esteja.
Amor também diz não. Amor também tem discordâncias, desfoques, textos revisados e cenas refeitas. Amor também fica amarrotado, mal-humorado, descabelado e sai mal na foto.
Não é isento a tudo como idealizamos. Não vamos criar ilusões. Amor também sangra, também se perde. Precisa ser regado, vigiado, refeito, costurado, remendado se for preciso, se nos fizer feliz.
O amor tem dias cinza, tempo ruim, trovoada e temporal. Tem sorriso e chororô. Tem banho de chuva e maremoto. Tem bem-me-quer e tô-de-mal. Tem bagunça e mal-entendido. Tem mania e tem pirraça.
Mas o amor, o amor mais bonito, é também tão maior que o imperfeito se refaz. Os defeitos não sobressaem e o mau jeito se ajeita e transforma em paz o que tinha cara de ser vendaval.
O amor constrói e é construção. Tão lindo que não precisa que se entenda. Tão legítimo que não carece aceitação. Tão bem vindo que levanta morada.
Esse amor, o mais bonito, nem precisa ser infinito, suas únicas premissas são: que seja recíproco e que nos faça sorrir. Isso sim, que seja pra sempre.
(Yohana San fer)
Um comentário:
Olá.
Visitando blogs amigos cheguei ao seu.
Gostei demais desse texto.
Concordo com a autora.
O Amor tem que saber perder, saber doar, saber sofrer.
abraço.
filhadejose.blogspot.com
Ana Virgínia
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