segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Construção

Piso em ovos. Faço cálculos mentais. Penso muitas vezes antes de dizer qualquer coisa. Peso cada atitude. Reflito sobre cada movimento. Tento em vão e me esforço para reter aquilo que só fica se quiser ficar. Não vou mais deixar meu comportamento impulsivo me guiar. É preciso prudência, cadência, cuidado. É preciso muita calma em todas as horas. Sigo pé ante pé, pisco os olhos e mastigo devagar, falo manso e o mais claramente possível. Não quero mais confusão. Não quero mais embaralhar as cartas desse jogo. Não quero mais misturar o que é imiscível. Espero os sinais para reagir. Espero a procura para descobrir. Fico quieta, no meu lugar, no meu mundinho, no meu cantinho. Calo, muitas vezes, quando todo pensamento me pede pra falar. Seguro as pontas. Dou nó em pingo d'agua. Faço das tripas coração para reter em mim as explosões. Nada fácil. Muito necessário. Ainda assim, estou aqui. Ainda assim, aperta a minha mão. Ainda assim, basta um som, um toque musical diferente, um sinal de fumaça, um nome piscando no visor, para que a avalanche inunde tudo e destrua toda a construção.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Calma aí


Eu ouvi essa música já tem tempo. Alguns versos me fizeram lacrimejar, me deram aquele aperto no peito que não me deixa, mas vai e volta. Fiquei com estes versos na cabeça, mas achei que ela fosse da Marisa Monte e não consegui encontrá-la. Hoje, eu achei. Apesar de triste, apesar de falar de um amor que não conseguiu ser eterno, é uma música que fala de esperança. Achei linda e acho sinceramente que vem muito a calhar a última estrofe: "Talvez nós dois sejamos um é fato que se consolidará num novo amor o nosso amor, amor"

"Calma aí
Pera aí
Não espere tanto desse amor

Outra vez
Sem sentir
Corro para os braços que me largam

Na tristeza de sentir
Tanta solidão acompanhada por aí
De tanto amor pra dar
Não vou mais chorar
Não quero dizer mais nada de mal

Olha aqui
Meu amor
Não se esqueça nunca que eu tentei

Sem rancor
Sem mentir
Sempre fiz aquilo tudo que te prometi

Meu amor
Foi tanto amor
Que eu quis que fosse eterno até morrer
Mas sei que foi enquanto em mim durou

Talvez nós dois
Sejamos um
É fato que se consolidará
Num novo amor
O nosso amor, amor"


(Calma aí - Monique Kessous)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A melhor das hipóteses

Não dá mais para achar que temos todo tempo do mundo. A gente só tem o agora e o agora e o agora. Cada agora de cada segundo. Não quero dizer com isso que temos que viver queimando dinheiro, irresponsavelmente, atirando pela janela sonhos e planos, focando apenas no próprio umbigo e arriscando alto as conquistas que já se teve. Não é por aí. O que eu quero dizer é que a oportunidade que é apresentada nesse presente é única. Pode ser a última vez, pode ser a única chance, pode ser que nunca mais, pode mudar tudo depois disso.
 
Sim, é preciso se programar para vendavais, é preciso ser precavido e prudente, é preciso tomar decisões cruciais com cautela, mas não é por isso que a gente vai viver em uma redoma inquebrantável. Se algo muito bom se lança à sua frente, não cabe medo, não cabe covardia, não cabe titubear, não cabe. Arrisque! Se joga! Na pior das hipóteses, vai ter valido a tentativa. Na pior das hipóteses, vai ter história pra contar. Na pior das hipóteses, vai gerar gargalhadas. Imagine agora a melhor das hipóteses!
 
(Suspiro)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O melhor já começou

Durante muito tempo, quando tava perdida no escuro, ela acreditou que deveria ter algo de bom esperando em algum momento em algum lugar. Seguiu a vida sem vontade, com um nó na garganta e os olhos lacrimejando, mas sempre inspirando e expirando, cumprindo prazos e obrigações, tocando em frente sem convicção alguma. Em determinadas ocasiões ela via flashes de luz, e se movia em direção ao clarão, esperando pelo dia em que veria de novo a cor do sol. Subiu cada degrau, ultrapassou cada montanha, caminhou lentamente em alguns momentos e, em tantos outros, correu como em competição de 100m rasos e saiu do escuro de si. A vida agora tem cor e luz. A vida agora tem sentido e razões. A vida parece de novo interessante e parece valer a pena. É emocionante perceber o ciclo escuro se fechando atrás dela. É intenso perceber que o carrinho que tava estacionado no ponto mais alto do looping da montanha russa, enfim retorna aos trilhos e segue uma viagem tranquila, de paz, sem sobressaltos. É lindo ver que ela conseguiu dar conta de tudo no olho do furacão, priorizou o que era de fato prioridade, protegeu quem deveria ser protegido e sobreviveu. Agora, céu azul. Agora, sorriso no rosto. Porque o melhor já começou!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Deveria ser reflexivo

Todo meu tempo e todo meu zelo, toda minha atenção e todo meu carinho, todo meu ouvido e todos os meus conselhos, toda minha história e toda minha paciência, toda minha ânsia e toda minha urgência, todo meu querer e todo meu bem-querer, toda minha expectativa e todo meu sonhar, todo os meus verbos de ligação, todos os meus predicados, todos os meus argumentos, todos os meus anseios, todo o meu futuro, todo complemento, todo sentimento, toda angústia, tudo ofertado gratuitamente e sem vestígio de reciprocidade.

Ama o objeto direto do amor, mas quando não há reciprocidade, amar se torna um verbo intransitivo. Ama apenas, ama só, ama sozinha, ama e não é amada. Amar deveria, antes de tudo, ser um verbo reflexivo.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Desentalando

Ela passou por um momento super difícil na vida, daqueles que mudam tudo, transfiguram a forma como a gente encara as coisas. Perdeu o prumo, o rumo, o norte, a mão de pulso firme, o colo acolhedor, o ouvido preferido e os mais sábios conselhos. Perdeu muito num momento em que todo mundo tá começando a ganhar, num momento crucial na vida, num momento em que as pessoas começam a traçar o futuro. Numa sociedade solidária como a nossa, houve muito amparo naquele momento de dor. Gente cuidando, gente ajudando, gente marcando presença. Passado algum tempo, ficaram os que iriam ficar e alguns destes se comprometeram em ajudar de maneira contínua e ininterrupta.

Essa ajuda, que veio como bálsamo num momento de extrema necessidade, se transformou em meio de vida. Era mais fácil ganhar ou receber em doação que trabalhar, que comprar, que dar um jeito de ter. Ela treinou bem e cumpre diuturnamente com perfeição o papel de coitadinha que precisa sempre da solidariedade e da compreensão alheia. Todo mundo tem de entender que ela "amadureceu" muito com aquela perda e que ela não tem recursos nem pra quem correr. E, dessa forma, justificando todas as atitudes na perda por que passou, ela foi vivendo escorada na boa vontade alheia.

Foi assim sempre. O papel lhe rende bem e faz com que possa contar sempre com a ajuda dos outros para quase tudo. É uma vida de incertezas, por certo. Nem sempre os compromissos são cumpridos no tempo e no prazo, é claro. Todavia, quando se cumpre o papel que lhe cabe na cena, o retorno é garantido. O tempo passou e lá se vão quase dez anos daquele fatídico momento que mudou o rumo dela. Só que agora um acontecimento inteiramente novo veio transformar-lhe a vida.

Porém, as circunstâncias não são as melhores. Há uma confusão ao redor da transformação imprevisível e surpreendente e avassaladora. Passado o susto e conformada com o que é sem jeito; em vez de tomar as rédeas da situação, em vez de aproveitar o ensejo para se tornar enfim dona da própria vida, em vez de se transformar na mulher que deve ser, na adulta que assume suas responsabilidades, o que ela fez foi, mais uma vez, cumprir o papel. Em torno deste, há uma série de outros tangenciais e não menos dignos de dó. Mais uma vez ela contou com o suporte das pessoas ao redor (inclusive eu), que sem pestanejar demonstraram que são verdadeiros amigos e pessoas com quem ela pode contar sempre.

O que me exaspera é que, muito tempo depois da primeira reviravolta, o comportamento é exatamente o mesmo. Agora não se tem mais uma adolescente perdida, a gente está de frente pra uma mulher que se recusa a se tornar adulta, que insiste em encenar esse papel porque mais confortável, porque mais fácil, porque é o que ela cresceu fazendo. O que me transtorna é ver algumas pessoas passando a mão na cabeça no momento em que é preciso de uma chacoalhada. Não dá mais pra permanecer coadunando com o pensamento distorcido de que o mundo lhe deve ser mais dócil. Não dá mais para ir fechando os buracos antes dela pisar no chão.

A vida não é fácil pra ninguém e, muitas vezes (muitas mesmo!), ela vai exigir muito mais força, muito mais vontade, muito mais garra do que se supõe ter. A vida coloca desafios aparentemente intransponíveis na nossa frente e, podemos contar com ombros amigos, mãos solidárias e carinho, sim (é claro!), o que não se pode é querer que os outros passem por isso e enfrentem as circunstâncias pela gente. A responsabilidade por nossos atos é individual, personalíssima, exclusiva, indisponível. A responsabilidade é um ônus intuitu personae. E, se estamos diante de uma mulher adulta, em pleno gozo de suas faculdades mentais, com capacidade laborativa, não há mais nada que justifique o escoramento.

Sinto dizer que é chegada a hora de crescer, querida. Sinto dizer que é o momento de correr atrás de seu lugar no mundo, do seu meio de sobrevivência, do seu lugar ao sol. É preciso coragem e muita força indubitavelmente. É preciso equilíbrio psicológico e determinação. Simplesmente não dá mais pra ficar brincando de casinha, nem ficar contando com quem ficou de vir e já se foi. Não dá para pedir aos outros que cuidem do que você, somente você, tem de cuidar. Para as adversidades, você tem amigos que ajudarão, sem sombra de dúvida. Mas para o que é ordinário, é com você mesma. E é só.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A mais difícil das conquistas

Gostar de alguém é a mais difícil das conquistas. Reescrevo agora porque andei pensando... O engraçado é que, quando a gente gosta, constata uma série de razões imponderáveis para que isso aconteça. Mas acontece e é simples. É um estalar de dedos, é um piscar de olhos e uma mão pousada sobre a perna ou um beijinho atrás da orelha ou a frase certa na hora certa ou um abraço que mais parece colchão de ar... Não é só isso, é claro. Mas é isso também e muito mais.

Porque, quando a gente gosta de alguém, nem é preciso dizer nada, os pensamentos são transmitidos pelo olhar e ainda assim as conversas não têm fim. Quando a gente gosta, não precisa estar junto o tempo todo para sentir a vastidão do sentimento; mas, estando junto, a despedida é a mais difícil das tarefas. Quando gosta, não precisa de cobrança, de agradecimento, de bater o pé, de impor opinião, de dar explicações; é tudo tão natural e óbvio que a gente agradece e explica e reflete por e sobre a perfeição do encaixe. Quando a gente gosta, a maior diversão de todas pode ser simplesmente estar junto em qualquer lugar, mesmo que sem música, sem banda, sem turma, sem festa, sem álcool.

Gostar de alguém é descobrir então que há uma razão para se estar aqui; é querer promover a felicidade de mais alguém além de si e promovê-la com prazer e por reconhecer que aquele sorriso é causa e efeito do seu, numa simbiose ininterrupta de felicidade e bem querer. Gostar de alguém é querer cercar a pessoa de momentos únicos, de boas recordações e de realidade também, porque não é só de sonho e ternura que se vive. Gostar de alguém é pirar um pouquinho, é esquecer que se tem umbigo, é se ver pelos olhos de outrem, é guiar a vida adequando dois caminhos para um ponto de chegada comum. Gostar de alguém é aprender, é ouvir uma cantora nova e por isso ter a canção preferida do momento; é ler o autor preferido do outro e descobrir que se tem muito mais em comum; é viajar nos relatos de viagens que o outro fez e fazer mil roteiros novos, a dois.

Gostar de alguém é traçar novas rotas no caminho, é mudar de perspectivas e de certezas, é queimar a língua, é pagar pra ver, é se perder e se sentir no lugar certo, é ser impulsivo sem arrependimentos. Gostar de alguém é embaçar um pouquinho a visão e mudar o destino e seguir às cegas, puro instinto. Gostar de alguém é a aposta mais prazerosa de ser feita e que não se tem como perder: porque quando a gente ganha, é felicidade que se recebe; e se se perde, é a alegria de ter vivido e ter tentado.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Eu, nas linhas do autor da minha vida

"Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa. Acredito que essa moça, no fundo, gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera. Estranho é que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é? A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? A moça.. ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera? E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário... por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda."
Caio F.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O homem sem face

Durante a noite, sorrateiramente, ele invade meu sonho. Parece estranhamente real, estranha premonição, estranho pressentimento. Os sentimentos embaralhados com a presença daquela pessoa sem face, desconhecida, incógnita, mas íntima. Assim mesmo. Ele é parte da minha vida, ele me abraça apertado e beija minha testa. Assistimos juntos a filmes na TV, ambos deitados esparramados na cama, a minha perna sobre a dele. A gente anda de mãos dadas pela rua e brinca com os pequenos num entrosamento familiar que me deixa perplexa. Os pequenos sorriem de volta pra ele e tudo me parece incompreensível porque ele não tem face. Matheus me conta que se lembra do dia em que ele chegou do céu e aterrissou na piscina, conta que ele veio num balão colorido e pousou entre os prédios, diz que assistiu a tudo da varanda e gritou dando tchauzinho, que ele perguntou por mim assim que o viu. E eu fico com cara de boba, sem entender nada. Thomás brinca de leão, de pega-pega, de nham-nham como se ele estivesse com a gente há muito. E eu o vejo circular nos meus ambientes, lidar com a nossas coisas e problemas cotidianos e continuo com o ponto de interrogação piscando na testa. Ele me puxa pela cintura e me beija a boca, sussura coisas impublicáveis no meu ouvido e eu fico vermelha, ele entra e sai da minha casa, estaciona o carro na outra vaga da garagem a que temos direito, ele frenquenta meus (nossos?) restaurantes preferidos. Quando na sua presença, meu coração inexplicavelmente acelera, e a revoada de borboletas fica indômita no meu estômago, mas nem assim eu consigo ver os olhos dele, não consigo definir seu rosto. Ele invade meus sonhos todas as noites e eu nem sei quem ele é. Entretanto, todo dia eu acordo pendindo que ele se apresente para mim na vida real. Por que não hoje?

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Refletindo e constatando

Eu tô passando por um momento de introspecção. Parece que as coisas que acontecem ao redor me atingem de um jeito diferente. São pessoas, fatos, decisões que bagunçam um pouco a fortaleza que eu construí para me proteger da loucura que me ameaçou. Parece que eu cansei de ser forte, eu cansei de ser eu e vem uma vontade (constrangedora até) de me atirar no colo de alguém que cuide de mim, que resolva meus problemas, que pague minhas contas e me beije e me ame e deixe eu jogar minha perna sobre a perna.

Eu ainda sinto uma falta enorme dele, uma saudade aguda e dolorida numa penca de momentos da minha vida. Todavia, eu não consigo deixar de encarar a realidade da impossibilidade. E aí o meu desejo tem objeto indefinido, qualquer objeto, mas não qualquer um. Teria que ser especial, único, doce e quente. O meu desejo de companhia e essa dor de solidão me deprimem e eu me pego deitada na cama à noite projetando toda uma novela mexicana com finais felizes, com alguém cujo rosto é embaçado e desconhecido.

Eu olho e não reconheço ninguém que assuma o papel de protagonista. Eu até procuro e converso e dou espaço, daquele jeito meu: primeiro o susto da história, depois o rechaçar básico, umas fugidas com desculpas esfarrapadas e, só depois de constatada a persistência, eu abro uma janela para ver se a sorte entra. Mas não. É sempre tudo complicado, porque depende de uma série de variáveis ininteligíveis, incompreensíveis e imponderáveis.

Gostar de alguém é a mais difícil das conquistas. Difícil, porque gostar de verdade é muito raro. Necessita de preocupação, de química, lágrimas, brisa ou encantamento. Sexo, envolvimento e até paixão, é fácil... Mas gostar mesmo, é muito difícil.

Para gostar de alguém não precisamos que este seja o mais bonito ou o mais sexy, mas ser apenas aquele a quem se quer proteger e que quando se chega ao seu lado nos sintamos encantados, estando ele bem ou deprimido. Gostar é fazer pactos com a felicidade mesmo que esporádica, escondida, fugidia ou impossível de durar. Quem gosta, sabe do valor da mão dada num gesto repentino, apenas porque deu vontade; de um carinho na face, do abraço apertado, da vontade de comprar e oferecer um perfume, do mimo, de poesia lida bem devagar, do sorriso que quer aparecer quando o outro chega, do brilho do olhar ou o olhar cúmplice sem palavras...

Saber gostar é também exagerar...
Saber gostar é enlouquecer aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido...

(Sol Brito)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Can I walk with you through your life? *

É o primeiro pensamento do dia e o último antes de apagar.
É recorrente e mnemônico.
É diuturno e absoluto.
É certeza pressentida.
É absurdo incoerente.
É paz, tranquilidade, equilíbrio.
É o melhor que pode ser.
É o melhor que pode ter.
É vontade insaciável.
É querer só mais um pouquinho.
É íntimo, intrínseco, interno.
É perto, é certo, é tempo.
É cuidado, carinho, compreensão.
É dividir, compartilhar, apoiar.
É aproximar, ajudar, dar a mão.
É estar junto quando sim e quando não.
É querer, prometer, arriscar.
É sim, sim, sim.
É já já, é pra ontem.
É urgente e passional.
É intenso e racional.
É lógico e estampado.
É escândalo silenciado.
É revolução, confusão, alguns não.
É disposição, afeição, coração.
É bem-querer, é querer, é antever.
É estar sem estar.
É prometer e cumprir.
É presença na ausência.
É esperar, ansiar, aguardar.
Um dia será.

* Música no post abaixo.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Valetine's Day


A música diz tudo que precisa ser dito:
"You and I can find what the world's been looking for forever: friendship and love together".

Só mais uma coisa: se quiser chegar, já pode!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Inspirando e Expirando e Contando

Eu não tenho paciência para incompetência. Não que eu me ache infalível e o suprassumo da eficiência. Não sou mesmo. É que lidar com gente incompetente e que ainda quer justificar a incompetência com argumentos ridículos realmente me exaspera. Como se já não bastasse a burocracia toda que emperra esse país, que faz com que tudo tenha que estar por escrito e autenticado e com firma reconhecida, que faz com que tudo demore séculos, que a assinatura de um contrato contenha mais anexos que as páginas da Bíblia, que se tenha que provar que se é quem se é, que se ganha o que se ganha e que se faz o que se faz; que obriga as pessoas a assinar a mesma coisa quatro mil vezes e a pagar absurdos em emolumentos e taxas; eu ainda tenho que lidar com a incompetência humana. Falta-me paciência, falta-me estômago. Vontade de falar palavrões e de não precisar disso. A M&RD@ é que eu preciso e tenho que engolir o sapo e respirar fundo e contar até dois mil quinhentos e quarenta e dois para ver se essa explosão amaina.
 
Vamos lá: um, dois, três, quatro, cinco...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Joie de vivre

Nem sempre tudo dá certo. Nem sempre a vida tá nos eixos, nos conformes. Nem sempre a gente vive em plenitude. Quase ninguém é capaz de olhar ao redor e se sentir completo. Quase ninguém consegue reconhecer a perfeição daquilo que dispõe. A gente tem essa tendência esdrúxula de se concentrar no que falta, nos buracos e nas feridas abertos, no que não está.

Recebi por email estes dias um texto de Contardo Calligaris cujo título é "Felicidade e Alegria". Isso muito me interessa, pensei. O texto começa com uma ementa que diz: "Ser alegre (muito melhor do que ser feliz) é gostar de viver mesmo quando a vida nos castiga". E eu concordo. Dá pra se ter alegria no meio do pior momento da vida, eu já contei esses causos lá no outro blog. A gente tá aqui é pra viver mesmo, é pra provar, é pra tirar de cada experiência um pouco mais, uma lição. A gente tá aqui pra crescer. Não, eu não sou espírita e não acho que esse é um mundo de expiações. Muito pelo contrário, acho que estamos aqui para ser feliz e só.

Para mim, ser feliz justifica a nossa existência inteira muito mais que a promessa da vida além da morte. Ser feliz, fazer o bem, distribuir alegria, amar e conviver com as pessoas é o motivo de que precisamos para a vida. É o cerne, é o centro de tudo. Justamente porque acho que ser feliz é o foco, acho também que a gente precisa encarar com alegria tudo o que vier, inclusive o que não for bom. Não intento (nem poderia) diminuir as dores, as correntes, as cruzes e os pesos que arrastamos ao longo da nossa existência. Não é isso.

O que discuto é até que ponto vale a pena a gente se prender nisso - nas dores, nas correntes, nas cruzes e nos pesos; se há um mundo de possibilidades aberto. Eu acredito no poder do ser humano, eu acredito na capacidade de superação, eu acredito na força interior, mas mais que isso tudo, eu acredito que é uma questão de escolha pessoal. É de dentro pra fora que essa alegria para superar tem que acontecer. E, não mais que de repente, a alegria escolhida individualmente contagia as pessoas ao redor e faz o mundo um lugar melhor. Calligariz coaduna desse pensamento: "Ora, nossa alegria encanta o mundo, justamente, porque ela enxerga e nos permite sentir o que há de extraordinário na vida de cada dia, como ela é".

Depois de tudo, eu entendi que não é preciso forças sobrenaturais, nem milhões em contas nominais, nem conglomerados materiais, nem luxo nem conforto demais, nem inúmeros bens materiais. Depois de tudo, eu tive certeza do que antes eu só desconfiava: o que há de mais importante no mundo, de mais valoroso não é emprego, bens, nem suor do nosso rosto. O que faz valer a pena são as pessoas e a maneira como tocamos e somos tocados pelo cruzamento de vidas e isso só é possível quando se tem essa alegria de viver.

Por Calligaris: "Para reencantar o mundo, é suficiente descobrir que o verdadeiro encanto da vida é a vida mesmo".

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O que é, o que é?

O que é, o que é que diminui as distâncias e alarga o campo de visão? Que cria uma tensão em torno das milhares de letrinhas saltando na tela? Que causa frio na barriga quando do aviso sonoro de mensagem na caixa de entrada do celular? Que causa sorriso espontâneo quando o visor pisca aquela palavra?

O que é, o que é que que vira pensamento recorrente? Que traz certeza de futuro do presente? Que cria entrelinhas e enredos, todos com finais felizes e sorrisos estampados? Que devolve colorido ao cinza impregnado? Que faz vulcão em deserto?

O que é, o que é que causa uma vontade persistente de dividir os acontecimentos da vida, ordinários e extraordinários? Que cria vontade de ficar perto e disponível sempre, para sempre? Que causa frio na barriga quando diante de confissões e de segredos? Que causa arrepio e ansiedade no silêncio partilhado?

O que é, o que é que causa medo e derruba redomas de proteção? Que pode até gerar tentativa de fuga do inescapável?  Que cria negativas para as evidências? Que submete a lógica e a racionalidade aos apelos estapafúrdios e insensatos do órgão que pulsa?

O que é, o que é que causa falta de ar, arritmia, espasmos, vertigem, tontura e moleza no corpo e não há remédio que cure? Que faz com que se queira testar a lei física de que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço? Que transforma a maneira de ver o mundo ao redor e de se enxergar também?

O que é, o que é que devolve a auto estima? Que transmuta os ideias? Que converte convicções em absolutas incertezas? Que causa revisão de valores e prioridades? Que joga no rosto um sorriso bobo e um olhar perdido?

O que é, o que é que traz razão e sentido para viver e lutar?


Aquilo que dá no coração
E nos joga nessa sinuca
Que faz perder o ar e a razão
E arrepia o pelo da nuca
Aquilo reage em cadeia
E incendeia o corpo inteiro
Faísca, risca, trisca, arrodeia
Dispara o rito certeiro
Avassalador. Chega sem avisar
Toma de assalto, atropela
Vela de incendiar
Arrebatador. Vem de qualquer lugar
Chega, nem pede licença
Avança sem ponderar
Aquilo bate, ilumina
Invade a retina, retém no olhar
O lance que laça na hora
Aqui e agora, futuro não há
Aquilo se pega de jeito
Te dá um sacode pra lá de além
O mundo muda, estremece
O caos acontece não poupa ninguém
Avassalador chega sem avisar
Toma de assalto, atropela
Vela de incendiar
Arrebatador. Vem de qualquer lugar
Chega, nem pede licença
Avança sem ponderar...
(Lenine _ Aquilo que dá no coração)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Saudade do que ainda virá também

Meu nome hoje é saudade.
E o sobrenome me explica: tenho saudade do que ainda sei que virá.
E você me chama pelo melhor apelido de todos: esperança.
Não há outro modo de ser.

From: Rainha de Copas

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Persistirei no que pressinto*

Eu não preciso saber do seu passado, nem das histórias das cicatrizes que traz. Eu não preciso destrinchar suas memórias mais antigas. Não preciso fazer perguntas indevidas. Não preciso entender. Eu só preciso perceber que veio, que chegou, que invadiu minha vida e que, com isso, transformará tudo que me cerca num colorido vibrante e inesquecível. Eu esperava, ansiava por você desde antes de saber que. Eu aguardava sua chegada desde muito antes. E esse encontro devolverá a mim o desejo de viver, de ser, de estar. Pressinto que você está perto e já abri todos os meus cômodos para sua chegada. Eu vejo os sinais e espero o abre-alas. Pressinto o que nos move e moverá por muito tempo. Pressinto o que carregaremos e construiremos em uníssono. Pressinto sua vida na minha vida nas nossas vidas. Pressinto um lar repleto e algazarras. Pressinto o sentimento inequívoco, perene, maduro. Pressinto a felicidade compartilhada por um, por dois, por três, por mais. Meus pressentimentos me permitem antever o que eu nem sei quando vai existir. A certeza de que existirá está em mim. Antevejo os diálogos que travaremos. Antessonho os sonhos de dois, de três, de quatro. Antessei o que diremos um ao outro nas noites de primavera-verão-outono-inverno. Eu sei que está aí em algum lugar e que, nesse momento, sua vida se prepara para se chocar com a minha. Eu sei que inescapável. E que chegue assim, súbito-suave, para ficar. E que não haja escapes, dúvidas, problemas e confusões; mas se houver, que sejam pulados como as ondas do mar. Pressinto sua chegada, eu escuto os passos ao longe e sei que, de algum modo, as engrenagens do caos já rodam a nosso favor. Falta só a gente se (re)conhecer.

* "Não te farei nenhuma pergunta embora precisasse não para te definir ou para te compreender não preciso saber de onde vens assim como para me definires ou me compreenderes não precisas de nenhum dado concreto mas eu não te defino nem te compreendo apenas sei que chegaste e que esta tua chegada modificará em mim todas as coisas que se tornaram suaves todas as cordialidades ou amenidades que contruí nesse tempo de absoluta sede ansiava por ti como quem anseia pela salvação ou pela perdição porque qualquer coisa poderia me salvar desta imobilidade que me devasta por dentro te direi apenas para sobreviver mas já não quero sobreviver já não quero apenas ir adiante é preciso que qualquer coisa abata essa letargia porque já não admiro precariedades porque não sei o que digo nem o que sinto mas persistirei no que pressinto". (Caio Fernando Abreu, O Afogado in: O Ovo Apunhalado, p. 92)

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Dizendo sem dizer

Eu queria falar tudo, mas fica tudo entalado na garganta. Eu queria dizer de uma vez por todas, colocar contra a parede, vomitar o que revira dentro de mim na cara e esperar pelo ou-vai-ou-racha, mesmo antevendo o racha. Eu não tenho coragem de fazer essa pressão. Eu não tenho coragem de explodir. Eu não me deixo estourar porque eu sei da acidez das palavras e sei também do estrago que os respingos poderão causar ao meu redor. Eu sei do que me falta, eu sei dos meus buracos, eu sei dos leões com que luto diariamente; e isso tudo, por si só, já é coisa demais para eu lidar. Mas eu ainda tenho essa pressão aqui dentro, esse anseio sem tamanho, esse desejo que inflama. Eu aguento, eu suporto essa dor com doses pequenas e homeopáticas de reciprocidade. Não, você não sabe do que eu estou falando. Eu nunca deixei isso claro. Mas esse post aqui é só pra dizer que se eu pudesse, se eu soubesse que não racharia, eu falaria.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

E quem irá dizer que não existe razão?

Seia muito bom se fosse simples, se o amor fosse um cálculo aritmético ou um checklist. Bonito - check; Alto - check; ombros largos - check; gosta de criança - check; solteiro - check... Ou algo como: bonito + alto + ombros largos + afeição por criança... = amor. Mas não, não é. Ele é todo enrolado.
 
Você pode esbarrar com alguém que preenche todos os requisitos do seu checklist e que ainda acha você a pessoa mais fantástica do mundo e (pffff) num sentir nada, não acelerar o coração. Você pode cruzar com alguém aparentemente nada a ver com você, nem bonito, nem alto, nem carismático, meio machista, meio metido, que olha para você com certa frieza e (pa pum) cair de amores. Você pode estar com sono, descabelada, suada, de mau humor e o amor simplesmente sentar do seu lado no bandejão. Ou sair produzidíssima, toda trabalhada na maquiagem MAC, para um balada e a coisa toda acontecer no meio da iluminação frenética. Vai saber!
 
Renato Russo costumava dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração. E num é? num é? Não existe mesmo. Às vezes, a gente tá super distraído, cansado até de procurar, ou, como eu, sem saber como começar, como destravar. Às vezes, a gente tá na caça, na luta, na guerra, como dizia minha avó, escacaviando cada lugarzinho atrás de. Mas a verdade, em assuntos do coração, é que não há regra, não há cálculo, não há "modus operandi" para que a coisa aconteça. O amor acontece quando acontece e nem adianta estrebuchar, sapatear no chão e fazer birra.
 
O melhor de tudo é que, quando a gente encontra, acabam as equações, as estratégias, os esquemas, os cálculos, o checklist... Não tem mais freio de mão puxado, nem paraquedas reserva. Não tem mais mureta de proteção, armadura ou máscara capaz de encobrir ou evitar o sentimento. Como diz a letra da canção, por ser amor, invade e fim.
 
 
 
 

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Gladiador

Ela veste a armadura e leva as armas em punho como se fosse enfrentar leões em guerras medievais. Ela ergue castelos, muralhas e fortalezas em torno de si para manter à distância quem quer que possa descompassar o compasso ritmado a que ela se acostumou, tocando sozinha a banda. Ela divulga uma imagem deturpada, distorcida, e, no mais das vezes, até aterradora. Mas o que ninguém sabe é que, atrás da propaganda, depois dos muros e embaixo da armadura, se esconde alguém que só quer ser "nocauteada por um beijo de direita, que esmague coração e discernimento"*, alguém que a faça querer desistir da luta "contra o poder do amor e caia nos pés do vencedor"** rendida, vencida, entregue. Ela só quer implodir as muralhas e desvestir a armadura. Ela só quer transparecer esse interior frágil, dócil, carente e romântico escondido no carão de gladiador. É só isso.
 
* From: http://oquemaisninguemve.blogspot.com/
** Samurai - Djavan

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O amor quando é amor é amor

No meio das defesas todas, havia algo que não se defendia, não sabia como se defender, não conseguiria, ainda que tentasse. Havia algo delicioso de se sentir que escorregava de dentro da gente e se esparramava no sorriso. Escapulia no olhar. Cantava no silêncio. Fazia florescer pés de sol no tempo encantado em que estávamos juntos. Dispensava nomes e entendimentos. Havia algo que tinha um cheiro inconfundível de alegria. De vida abraçada. De chuva quando beija a aridez. De lua quando é cheia e o céu diz estrelas. Um cheiro da paz risonha do encontro que é bom.

No meio das defesas todas, havia algo que não se defendia, não sabia como se defender, não conseguiria, ainda que tentasse. Havia algo maravilhoso para ser dado e recebido, daqueles presentes que a vida embrulha com os seus papéis mais bonitos e entrega, toda contente, a duas pessoas. Havia algo para ser trocado, e troca é quando duas vidas se sentem olhadas ao mesmo tempo. Havia algo que fazia um coração falar com o outro, ouvir o que era dito, gostar do que era dito, rir com o que era dito, sentir-se espelhado, sentir-se enternecido, querer brincar, muito além do que qualquer palavra, por qualquer motivo, por qualquer defesa, tentasse, em vão, esclarecer. Uma vontade de parar todos os relógios do mundo para eternizar a dádiva da presença compartilhada, e a impressão de que às vezes até conseguíamos.

No meio das defesas todas, havia algo que não se defendia, não sabia como se defender, não conseguiria, ainda que tentasse. Havia algo que escapava, ileso, dos artifícios todos, todos tolos, que a razão arranjava para não deixar o amor fluir com a beleza dele, o chamado dele, a natureza dele. Amor sempre arruma brecha para escoar entre os dedos temerosos do medo. Pode ser que a gente sinta tanto receio e se proteja tanto, as feridas antigas cicatrizadas coisíssima nenhuma, que nem consiga vivê-lo em sua plenitude. Mas que ele escoa, escoa. Esparrama no sorriso. Escapole no olhar. Canta no silêncio. Diz.

No meio das defesas todas, havia algo que não se defendia, não sabia como se defender, não conseguiria, ainda que tentasse. Havia algo que delatava o desejo, os quarteirões da gente todos iluminados com o fogo feliz da sensualidade, iluminadas as ruas todas que dão acesso ao lugar onde o corpo e a alma costumam se encontrar e dançar numa única canção. Havia algo que não podia ser negado, preterido, amordaçado. Algo que inaugura primavera, tanto faz se é inverno. Algo raro e precioso. Que é perfeito, ao mesmo tempo que consegue incluir todas as imperfeições. Que é lindo, ao mesmo tempo que consegue integrar as esquisitices todas que gente também tem. Havia amor e, de um jeito ou de outro, sabíamos sem nos dizer, havia chegado pra ficar.

O amor quando é amor é amor.
(Encontro - Ana Jácomo)
Eu não mudaria nenhuma linha do que está escrito. Torcendo muito para que aconteça.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Tudo quer me revelar

Tudo aqui quer me revelar
Minha letra, minha roupa
Meu paladar
O que eu não digo, o que eu afirmo
Onde eu gosto de ficar
Quando amanheço, quando me esqueço
Quando morro de medo do mar

Tudo aqui
Quer me revelar
Unhas roídas
Ausências, visitas
Cores na sala de estar
O que eu procuro
O que eu rejeito
O que eu nunca vou recusar

Tudo em mim
Quer me revelar
Tudo em mim quer me revelar
Meu grito, meu beijo
Meu jeito de ser

O que me preocupa, o que me ajuda
O que eu escolho pra amar
Quando amanheço, quando me esqueço
Quando morro de medo do mar

(Zélia Duncan)

E faz muito sentido.